Nesta altura é meio inútil explicar o quão agitados têm sido esses últimos meses. Mas ainda me surpreende como no início de março eu estava apenas a fazer uma saída fotográfica em Alfama, olhando para toda a questão da pandemia ao longe e seguindo-a de uma distância segura (pensava eu), para apenas alguns dias depois ter que mudar todas as minhas rotinas diárias para dentro da minha própria casa. Em menos de uma semana eu iria-me tornar mais fisicamente desconectado do resto do mundo do que normalmente estou.
Felizmente, havia não faltavam coisas para fazer, o trabalho não abrandou por sair do escritório, e além disso nasceu o everydaycovid: tornei-me um dos editores deste projeto, que visa documentar a pandemia e a quarentena em Portugal, vista através dos olhos de dezenas de fotógrafos e fotojornalistas. A agenda durante a quarentena estava cheia quase sempre cheia, mas o meu mundo tinha diminuído significativamente.
O confinamento significava ficar dentro de casa na maior parte do tempo, apenas saindo para compras e aquelas caminhadas curtas nas proximidades, e sozinho, e o objetivo era manter esse plano enquanto necessário. Significa que, durante um número desconhecido de semanas, o portátil seria uma importante janela para o mundo. Também significava que o mundo que eu poderia alcançar e explorar seria o mesmo que eu podia ver da minha janela, que correspondia aproximadamente ao que conseguiria alcançar nas minhas caminhadas. As caminhadas essas que a maioria das vezes só acontecia mais tarde no dia, quando todo o trabalho era finalmente deixado de lado.
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