Se deu uma olhada rápida nas fotos deste post e nenhuma delas tem nada a ver com o Caminho de Santiago: nenhum peregrino a caminhar com uma concha de vieira na mochila ou setas amarelas pintadas em casas a cair e árvores velhas, está certo! Mas não há que ter medo, há uma boa razão para isso.
Durante a semana passada no Caminho Português até Compostela o meu camiño começava antes do nascer do sol, no momento em que saltava do meu beliche (normalmente ficava no de cima) no albergue, e terminava no momento em que arrumava as minhas botas, para apenas as voltar a calçar no dia seguinte. Quando ia tomar o merecido banho isso marcava o final de quase tudo de importante no dia, apesar de ainda faltarem horas para ir dormir. Eram as botas que me punham em modo peregrino, e quando não as tinha era hora de abrandar, descontrair, desfrutar das pequena cidade que seria a paragem da etapa do dia, dar uma pequena voltinha para descomprimir e beber uma merecida cerveja gelada! Fechar o dia com uma bebida, quente ou fria, é algo que faço sempre que posso em viagem, e eu , o João e a Ana sempre chegávamos ao destino com bastante tempo para isso.
Agora que regressei a casa e começo a olhar para as fotografias, as que primeiro me chamaram a atenção não foram as feitas com as botas calçadas, mas aquelas feitas perto da tal cerveja de fim de dia. Talvez por serem muito mais casuais e descontraídas, como quase toda a “street photography”, e sem intenção de documentar onde tinha chegado, ao contrário do resto do dia enquanto caminhava. No resto do camiño há uma narrativa mais densa, e que requer mais tempo para digerir, por isso, e também por uma certa preguiça, começo que algo que se pode chamar como o lado B do camiño.
Uma perspectiva do Camiño muito original!