Tendo raízes familiares no Centro de Portugal, um dos epicentros dos incêndios florestais, onde há pinhais e eucaliptais a perder de vista, significou que o ano anterior foi passado a acompanhar as manchas de verde a desaparecer uma por uma ao longo do Verão. E assim continuou pelo Outono a dentro até que, no último dia da temporada, chegou perto o suficiente para queimar o tapete à porta de minha casa.
E tendo raízes numa região onde os incêndios chegam em intervalos regulares obviamente vou tendo varias recordações de anos anteriores, e uma das que normalmente mais me marca é o cenário que fica quando o Verão termina. Uma paisagem que já de si é negra, mas que ainda tem um pequeno rasgo de cor com a luz quente, com a chegada do Inverno mergulha numa escuridão e no esquecimento, e só começará a cicatrizar apenas na Primavera seguinte. São meses sob o negrume…
Dificilmente iria ficar longe desta memória, e acabei por passar uma boa parte do Outono, e em especial Inverno, a vaguear pelos concelhos de Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Oleiros, Pampilhosa da Serra, Pedrogão Grande e Sertã, atrás do mergulho neste lado sombrio, adormecido e mesmo esquecido.
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