Nas semanas antes de marcar o marcar o voo para Havana havia uma única pergunta que não me saia da cabeça, aquela questão que invade muitos fotógrafos antes de uma viagem, em especial quando essa viagem é um local tão icónico como Cuba: o que vou fazer de diferente? Como posso fugir dos clichés? Até que ponto é que aquele argumento (que tanto odeio) de que agora já está estragado, e que a “altura boa” para lá estar se perdeu para sempre? Será que devo mesmo ir? Quase todas as minhas viagens foram decididas instintivamente, e não racionalmente, eu sigo o instinto para a decisão final, e neste caso uma promoção na altura certa (apenas um destino, apenas aquele dia) disse-me que era altura de ir, tornando o processo de fazer a decisão bem mais simples. Eu era suposto estar lá, fosse como fosse.
À medida que o dia do meu voo se aproximava a dúvida foi ficando mais específica. Era fim de Junho, nas semanas que antecederam a abertura da embaixada dos EUA, com a visita do Secretário de Estado (a primeira em muitas décadas). Estava curioso até que ponto iria ver isso no dia-a-dia dos cubanos, como se estavam a preparar para o evento, mas, ainda mais importante, de que maneira viam as mudanças que poderão estar no seu horizonte, as grandes mudanças que certamente se irão seguir ás tímidas reformas da última década com Raúl Castro, coisas pequenas como uma ténue abertura à iniciativa privada ou a diminuição de restrições à religião, numa visão muito mais pragmática da revolução cubana.
Como já devia estar à espera, essa ansiedade é muito mais sentida e ouvida ao beber uma chávena de café do que vista nas ruas. Obviamente, porque na verdade ainda não há nada para ver, na verdade ainda nada mudou. Tudo está como tem estado nos últimos anos, com as mesmas complicações em coisas básicas como tratar da lista das compras ou manter a funcionar toda a maquinaria, seja os carros velhos e quase tudo o resto, porque para muitas delas não há peças sobresselentes caso partam. De volta à s minhas questões fotográficas, como fotografar isto? Provavelmente o melhor é não preocupar muito com isso, apenas capturar as coisas simples à medida que acontecem, como aquele jogo de dominó regado com muito rum, as preocupações da já idosa Miriam com a sua casa decadente or a expressão tranquila do na cara do Eberto sentado á porta de casa no seu dia de folga…

Um velho carro americano nas ruas de Trinidad.

Trabalhar duro, e com muita paciência, para manter os velhos carros americanos e soviéticos a andar.

O rapaz não estava muito interessado em aprender como se construíam gaiolas para pássaros.

Loja estatal, baseada em senhas de racionamento.

Abertura de uma mercearia em Havana.

Concerto tardio da banda Interactivo na zona de Vedado.

Solares, edifícios decadentes e parcialmente abandonados em que cada divisão é ocupada por uma família. Este é um antigo hotel no centro de Cienfuegos.

Um sorriso para o meu retrato antes de voltar para dentro. O dia estava a ficar muito quente para estar na rua.

Ama-seca com os seus meninos (não são irmãos).

Rapaz numa pausa no jogo de futebol dentro de um pátio de uma casa antiga de Centro Habana.

Mulher a rezar a imagem de Nossa Senhora na Catedral de Havana.

Um fim de dia tranquilo na zona de Regla, em Havana.

Rapazes a pescar na baía de Havana, na zona de Regla.

Um antigo cais que serve de plataforma de saltos num domingo quente en Cienfuegos.

Um jogo de dominó com muito rum à mistura.

Miriam (a avó) a beber uma chávena de café comigo, a falar do edifício que espera renovação há mais de 20 anos,enquanto que a Mónica (a neta) segue atentamente a nossa conversa.

Treino num ginásio básico em Havana.

Menina confiadamente a sair da porta de casa.

Eberto no seu dia de folga, Ã porta da sua pequena casa em Trinidad.

Um velho carro americano estacionado nas grandes arcadas típicas de Centro Habana, enquanto passa um bicitaxi.
Veja este ensaio na minha galeria, bem como uma selecção das melhores e o resto das minhas fotos de Cuba.