O culto dos mortos é algo bastante presente na Igreja Católica, basta olhar para a quantidade de relíquias de santos que há em muitas das igrejas pelo mundo fora, e é certamente algo muito próximo aqui no Sul da Europa, provavelmente um sentimento apenas ultrapassado pela escala que atingiu ao ser levado pelos missionários até ao Novo Mundo. Por isto tudo é natural que a Páscoa e a Semana Santa, onde a morte e a ressurreição de Cristo são celebradas, tenham tamanha importância.
Ao contrário do ambiente alegre do Domingo de Páscoa, que é alegre e se centra na glória e ressurreição, os dias que a antecedem na Semana Santa são mais sombrios e onde a melancolia reina, são dias de luto e penitência. Provavelmente a minha simpatia pelo lado mais gótico e sombrio das coisas é o que faz com que este tenha um grande interesse por lado em particular do Cristianismo (tal como outros rituais relacionados com a morte), mesmo tendo deixado a religião para trás há bastantes anos.
Historicamente Braga é o centro religioso de Portugal, a cidade dos padres e dos arcebispos, e obviamente é o local do país com as mais impressionantes celebrações de Páscoa, toda a cidade se envolve, toda a cidade se veste de purpura, a cor de luto. O meu ponto de partida para não podia deixar de ser as icónicas procissões nocturnas, em especial a procissão Ecce Homo com os farricocos, os icónicos penitentes vestidos de preto até aos pés descalços, empunhando os fogaréus em chamas pela cidade; mas também a procissão do Enterro do Senhor que acontece na noite de Sexta-Feira Santa, mais simples mas também mais intensa e solene, que na verdade é um enorme cortejo fúnebre.
E por tudo isto este ano tinha Braga na minha cabeça, com essas celebrações de Páscoa que nunca tinha assistido, e levei o meu amigo Emanuele Siracusa comigo (para quem ainda não viu agora é uma boa altura para dar uma olhada no trabalho dele), mas como nenhum de nós estava realmente interessado no lado mais glorioso da Páscoa não ficámos até ao Domingo, partindo antes do fim das celebrações para o nosso projecto seguinte.

Igreja de Terceiros, em pleno centro de Braga, com as árvores em volta em flor na cor purpura tradicional da Páscoa

Sé de Braga, vitral e as decorações púrpura típicas das Páscoa

Senhora rezar mesmo antes da missa de Morte do Senhor, durante a 6ª Feira Santa.

Criança com os pais durante a missa de Lava-pés

À espera de comunhão

O beijar da cruz depois de comunhão, durante a missa da Morte do Senhor

Início da procissão teufórica

Casal durante a procissão teofórica

A rezar após a procissão teufórica, durante a missa da Morte do Senhor

A deixar uma moeda na caixa de esmolas da capela dos Coimbras, capela apenaa aberta nestes dias de Semana Santa

Jovens a tocar tambores vestidos de farricocos pelas ruas de Braga

Farricocos, os penitentes da procissão Ecce Homo, no início junto à igreja da Misericórdia

Início da procissão do Enterro do Senhor, Ã s portas da Sé de Braga

Procissão do Enterro do Senhor a passar nas ruas de Braga

Procissão do Enterro do Senhor a passar nas ruas de Braga

Farricoco a juntar mais uma pinha ao fogaréu

Farricocos a aproximar-se do final da procissão

Loja de artigos religiosos no caminho da procissão

Procissão Ecce Homo no regresso à igreja da  Misericórdia
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