Todas as vezes que regresso de Trás-Os-Montes regresso de coração cheio, com toda o calor e a generosidade que recebo neste canto frio e esquecido do país. Às vezes acho que as minhas raízes também podiam estar aqui, juntamente com as minhas costelas beirãs. Esse é uma das razões porque regresso tantas vezes: é uma região dura de gente calorosa e tradições fortes. O Inverno é uma altura importante naquelas bandas, com várias festividades a acontecer por altura do Solstício de Inverno, festividades que muitas vezes têm nomes religiosos, como Festas de Santo Estevão, mas que era eram olhadas de lado pelo clero por causa das suas origens pagãs, que datam das antigas celebrações do Solstício de Inverno.
Este ano foi a segunda vez que apressei o almoço de Natal para arrumar as minhas coisas e rumar a norte (a primeira foi há dois anos), desta vez o parceiro foi o João, presença habitual nestas idas a Trás-Os-Montes mas na primeira vez que ia nesta altura do ano. À chegada a trupe cresceu com o Hugo; a Cláudia, a talentosa fotógrafa que conhece a área como a palma da mão; e a Yoko, a japonesa mais popular de Trás-Os-Montes, uma vedeta em cada uma destas festas de Inverno. Durante uma semana andámos s a deambular o Nordeste Transmontano.
Há dois anos o foco foi apenas num dos lugares: a festa dos rapazes de Grijó de Parada, onde eu e o Emanuele estivemos nos dois dias que dura. Desta vez o plano era ir um pouco mais longe, mas o problema é que estas festividades acontecem todas nos mesmos dias, o que implica que o calendário tem de ser planeado com cuidado. A ideia era regressar a Grijó, mas também poder ir a Ousilhão (outra aldeia com tradições de máscaras muito fortes), ambas de certa maneira são semelhantes: um grupo de mascarados percorre a aldeia a recolher ofertas, comer e beber, e fazer partidas pelo caminho.
Depois uma pequena pausa das máscaras, para uma festa de inverno diferente noutra região de Trás-Os-Montes: a festa dos moços, na zona do Planalto Mirandês, onde em vez de máscaras são pauliteiros que vão de porta em porta. O plano foi também ficar mais alguns dias, até ao Ano Novo, para conhecer as festas que acontecem no primeiro dia do ano na Mogadouro, outro dia onde acontece tudo ao mesmo tempo. E como no meio disto havia tempo livre ainda havia espaço para explorar ainda mais a região, em especial o lado ocidental do parque de Montesinho, ou voltar à s arribas do rio Douro.
Foram uns dias bem preenchidos, e agora é altura de regressar a casa e por mãos à obra. Assim que regresse do meu refúgio na Beira Baixa, onde estou a recuperar não só destes últimos dias, mas também das semanas agitadas desde que embarquei para Hong Kong em Novembro.
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