À medida que a versão 2021 do confinamento vai-se aproximando de um possível afrouxamento das restrições, e talvez a começar a antecipar como serão os meus próximos meses, estou a começar a olhar para trás, para a versão 2020 do desconfinamento. No ano passado as coisas começaram a abrir lentamente em meados de Maio, e depois de alguns meses limitado a um apartamento em Lisboa era hora de ir para o campo, uma das vantagens de ter minhas raízes familiares fora da capital.
Fora das cidades as estações não são definidas por meras datas num calendário, são muito mais fluidas e muito mais ligadas aos ciclos da natureza. Na pequena aldeia da Beira Baixa onde passei tanto tempo no ano passado, bem no limite do sistema montanhoso que cobre o centro de Portugal, a época em que cheguei coincidiu com a estação das cerejas, o evento que na verdade marca o início do Verão. Acabei lá por passar muito desse verão, indo e voltando por mais que uma vez, mas muito mais tempo que o normal, apesar eu até nem viajar muito nessa época do ano. Um Verão num ritmo mais lento, pairando sobre as pequenas rotinas rurais, aquelas que realmente não se importam com uma pandemia, e desfrutando de coisas como os almoços na rua, as noites quentes no terraço ou os domingos à beira do rio. E essas semanas foram passando lentamente, até que chegar a hora de fazer a vindima, que é como quem diz, até ao final do Verão.
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