Depois do filme que é comprar um bilhete de comboio na estação central de Nova Deli, e apesar de conhecer os truques para evitar os vendedores tentam vender-nos um táxi “baratinho” para as férias, eu e Fernando dirigimo-nos a Old Delhi para passar o resto da tarde, no que seria um primeiro dia calmo na Índia. Assim que o nosso autorickshaw entrou nas suas ruas estreitas, ainda mais estreitas e confusas que o resto de Delhi, a cúpula de uma mesquita vermelha surge acima de todo o barulho e caos ao nível do solo: é a Jama Masjid, uma das maiores mesquitas da Índia e um “farol” de Old Delhi.
FUJIFILM X-E2 (27mm, f/3.2, 1/8000 sec, ISO400)
Ficámos junto à entrada principal, um cruzamento com vendedores ambulantes mesmo junto aos portões e várias lojas volta, é normal as lojas do mesmo género estarem juntas e ali claramente eram os metais e ferragens. Ainda era muito próximo do meio-dia, num Domingo muito quente, então deixamos a grande mesquita para mais tarde. Seria muito mais fácil encontrar uma sombra nas ruas abrigadas do Sol que estavam atrás de nós, vaguear até poder sentar em algum lado para uma bebida gelada, se bem que numa zona muçulmana uma cerveja seria altamente improvável. As ruas principais estavam cheias e não havia um pedaço de chão visível para caminhar, todo o espaço disponível era disputado por vendedores a fritar pastéis em frigideiras do tamanho de pessoas, scooters que evitam as raparigas sentadas no chão enquanto eram feitas as suas tatuagens de henna e, acima de tudo, a multidão que ia à s compras porque era o último dia do Ramadão.
FUJIFILM X-E2 (27mm, f/3.6, 1/125 sec, ISO400)
Como sempre afastar das ruas para os becos é uma óptima maneira de encontrar algum espaço para respirar. Um deles era particularmente tentador, com paredes pintadas de azul e uma calma que surgia entre duas lojas tranquila, mas afinal não era um beco, mas sim uma pequena mesquita escondida, alegadamente a mais antiga de Delhi. E, na verdade, foi o melhor lugar para se estar estar naquela tarde: um pátio fresco coberto com tapetes no chão e ventoinhas no tecto a fazer mover suavemente o ar abaixo (uma delas supostamente tinha 100 anos de idade e ainda funcionava), fazia sentido porque alguns homens estavam por ali, a conversar calmamente deitados nas esteiras e sem fazer nada (um deles supostamente tinha 115 anos…), e fez ainda mais sentido juntarmos a eles e ficar ali por um bocado, deitados no chão, desfrutar da hospitalidade e recuperar do voo do dia anterior. A calma só era interrompida pelos rapazes na escola do piso de cima, que aproveitavam a pausa para pedir-nos uma foto ou apenas equilibrar os fidget spinners nos dedos dos pés.
FUJIFILM X-E2 (27mm, f/2.8, 1/125 sec, ISO400)
De volta à s ruas, era tempo para voltar para a Jama Masjid, agora tudo estava ainda mais cheio que antes, ao aproximar o fim de dia, eventualmente lutamos para regressar ao mesmo cruzamento onde chegámos. Enquanto o atravessavamos e lutavamos para chegar ao outro lado, exactamente no meio da rua, senti algo ao nível do joelho: um homem sem pernas, um dos mendigos de Old Delhi a rastejar entre os carros para atravessar a rua. A Índia de qualquer forma encontrar uma maneira de surpreender-nos…
Dentro da grande mesquita, as coisas estavam muito mais tranquilas do que do lado de fora, e especialmente abaixo das agradáveis arcadas, ali podia-se sentir aquele ambiente descontraído de qualquer parque ou área pública, em Delhi ou Lisboa, quando as famílias saem para comer um gelado num Domingo à tarde. No meio do pátio, centenas de pessoas lavavam-se num pequeno lago onde corre água e ladeado de bancos de pedra, mesmo a tempo da oração. Muitos mais já estavam prontos, descalços, dentro do edifício principal. Não faltou muito para ouvir o muezzin começar.
FUJIFILM X-E2 (27mm, f/4.5, 1/350 sec, ISO400)
A oração tinha entretanto terminado e o Sol acabado de baixar atrás das grandes cúpulas da mesquita vermelha. As refeições para quebrar o jejum começavam a ser servida em longas filas no pátio da mesquita, as lajes de pedra já não escaldavam e era possível sentar no chão.
O Ramadão tinha acabado. Eid Mubarak!
FUJIFILM X-E2 (27mm, f/3.2, 1/1100 sec, ISO400)
Agora era hora de deixar Delhi, e partir para Norte em direção aos Himalaias, que a viagem estava agora a começar e este nem sequer o nosso destino.
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